OSTEOPOROSE
Para entender a importância da prevenção e do tratamento das doenças do metabolismo ósseo, das quais a osteoporose faz parte como uma das principais, é preciso “enxergar” o tecido ósseo como um “órgão” do corpo em constante renovação, com células que a todo momento estão produzindo e degradando a matriz do osso.

A ideia de que os ossos só se modificam durante a fase de crescimento ou para cicatrizar uma fratura é um mito. Assim como o resto do corpo, todo dia nascem e morrem células ósseas, e isso é o que mantém sua estrutura íntegra e estável.

Um osso normal é formado por dois componentes: o celular (com células responsáveis por produzir a matriz óssea, os osteoblastos, e células que a degradam, os osteoclastos) e o acelular, composto por colágeno, cálcio e outros minerais.

Na fase de crescimento ósseo e até por volta dos 30 anos, os osteoblastos e os osteoclastos trabalham em conjunto e em equilíbrio que permite o crescimento e o remodelamento adequados. A partir dessa idade, como parte do processo natural de envelhecimento, a degradação óssea se torna maior que a formação, e essa “balança” se desequilibra, favorecendo a perda de massa óssea. Até aí nenhum problema, já que esse é um processo lento e se não houver outros fatores prejudiciais não há maiores riscos. Por outro lado, se a massa óssea não foi formada adequadamente (desde a fase do crescimento) ou se durante a vida surgem fatores que prejudicam o metabolismo ósseo, como doenças crônicas e o uso de alguns medicamentos, existe o risco de que esse “desequilíbrio natural” acabe por favorecer o surgimento da osteoporose, uma doença caracterizada pelo aumento da chance de fraturas por fragilidade do osso que pode trazer muitos riscos à saúde. Apesar de parecer pouco comum que isso ocorra, estima-se que a doença acometa pelo menos 15% das mulheres pós-menopausa no Brasil.
Entendendo que o osso é um tecido vivo e como surge a osteoporose, fica mais fácil saber como prevenir o seu aparecimento.

E quais são os fatores que aceleram a perda óssea?
Sabemos que o hormônio sexual feminino chamado estrogênio tem participação fundamental na manutenção do metabolismo ósseo. Por esse motivo, quando seus níveis se reduzem após a menopausa é que o risco de desenvolver a doença aumenta. Existe também um componente genético importante na osteoporose e, por isso, quem tem parentes que já apresentaram a doença (ou mesmo história de fratura por fragilidade óssea) está mais sujeito a desenvolvê-la também.

Outros fatores determinantes que merecem ser mencionados são:
- Composição corporal: mulheres mais magras e baixas são mais propensas a apresentar a doença;
- Hábitos de vida: dieta pobre em cálcio e vitamina D, sedentarismo, consumo de álcool e tabagismo contribuem para uma perda de massa óssea mais acentuada;
- Doenças crônicas: artrite reumatóide, Diabetes, hipo e hipertireoidismo, anorexia, doenças intestinais inflamatórias, doença celíaca, doenças neurológicas (distrofia muscular), doenças genéticas;
- Uso crônico de determinadas medicações: corticosteróides, anti-convulsivantes, anticoagulantes (heparina), quimioterápicos.




Se eu faço parte desse grupo, como saber se tenho osteoporose?
A osteoporose é uma doença silenciosa, que não provoca sintomas até suas conseqüências mais graves, as fraturas. Muitas pessoas confundem dores articulares derivadas de artrose, por exemplo, com osteoporose, o que é perigoso, já que o tratamento é bastante diferente. Um sinal de que a saúde dos ossos não vai bem é a redução acentuada da estatura, que muitas mulheres atribuem “à idade”, mas muitas vezes está associada a pequenas fraturas nas vértebras que provocam pouca dor e passam despercebidas. A principal forma de constatar a presença da doença antes de ocorrer uma fratura é com a suspeita clínica aliada a exames complementares.



Até os dias de hoje no Brasil o exame que permite o diagnóstico correto da osteoporose é a densitometria óssea. É um exame que depende de radiação (é feito com raios X) e de técnica bem estabelecida, e portanto deve ser solicitado, quando indicado, pelo seu médico, e realizado em locais padronizados. Nem todo mundo precisa fazer o exame. Para evitar a realização de exames desnecessários, a Sociedade Brasileira de Densitometria determina que seja indicada a pesquisa nas seguintes situações:
- Mulheres com 65 anos de idade ou mais e homens a partir dos 70 anos, mesmo que não apresentem nenhuma situação de risco;
- Mulheres na pós-menopausa e homens entre 50 e 70 anos de idade com algum fator de risco que o médico considere importante;
- Mulheres na transição da menopausa com fatores de risco específico, tais como baixo peso, fratura anterior por fragilidade e aumento do risco por uso de medicação;
- Adultos que sofreram com fratura após os 50 anos;
- Adultos com condições que requeiram uso de corticóide em dose mínima equivalente a 5 mg/dia de prednisona por mais de três meses;
- Qualquer pessoa que irá iniciar ou esteja em tratamento específico para osteoporose;
- Qualquer pessoa que não esteja sendo medicada, mas que na comprovação de perda de massa óssea deverá ser tratada;
- Mulheres que tenham interrompido tratamento de reposição hormonal pós-menopausa com estrogênio.
Se você não está incluído no grupo indicado e não apresenta fatores de risco para desenvolver a doença, isso não significa que você nunca vai precisar fazer o exame, e muito menos que você não deve se preocupar em manter hábitos saudáveis para o metabolismo ósseo. Essas diretrizes só determinam os pacientes em que a realização da densitometria óssea trará algum benefício em termos de tratamento específico.

A prevenção da osteoporose deve começar desde cedo, de preferência antes de completarmos o crescimento ósseo!

Qual a diferença entre osteoporose e osteopenia?
Quando receber o resultado do seu exame, seu médico vai analisá-lo em conjunto com seus dados clínicos, e podem ocorrer três situações:
- Massa óssea dentro da normalidade: Significa que sua composição óssea é compatível com a média de pessoas adultas do seu sexo. Mas essa é uma análise estática que reflete apenas um momento. Se desse dia em diante algum desequilíbrio ocorrer pode ser que no próximo exame já apareça uma baixa massa óssea.
- Baixa massa óssea (osteopenia): Significa que sua composição óssea é um pouco mais baixa que o normal (um cálculo matemático que atinge até 2,5 desvios-padrão abaixo da média).
- Osteoporose: Quando a massa óssea calculada é menor que 2,5 desvios-padrão da curva estabelecida, dizemos que a paciente tem osteoporose.
Essa “curva” estabelecida para os laudos dos exames de densitometria foi feita com base em dados populacionais de mulheres na pós-menopausa e homens com mais de 50 anos. Dessa forma, essa nomenclatura e esses valores só podem ser aplicados para esse grupo de pessoas. Para mulheres na pré-menopausa, homens com menos de 50 anos e crianças os critérios são diferentes.

E qual a melhor forma de prevenir a osteoporose?
A forma mais eficaz de promover a saúde dos ossos, já que não podemos mudar os fatores de influência genética, é fazer com que a “balança” de formação X reabsorção permaneça em equilíbrio pelo maior tempo possível.

Uma dieta rica em cálcio e que permita que os níveis de vitamina D permaneçam normais é fundamental. A fonte mais comum de cálcio são os produtos derivados do leite, mas outros alimentos também podem fornecer boas quantidades do mineral: agrião, brócolis, quiabo, feijão, laranja, pescados e frutos do mar. Especialistas recomendam que a ingestão de cálcio nas mulheres na pré-menopausa seja de pelo menos 1000 mg por dia. Após a menopausa esse valor sobe para 1200 mg diários. As principais fontes de cálcio na dieta são o leite e seus derivados (queijos, iogurtes), e vegetais de cor verde-escura (couve, brócolis).



A vitamina D ingerida na dieta é absorvida no intestino, mas antes de exercer seu papel fundamental no metabolismo ósseo é transportada para a pele, onde sofre uma modificação química que só acontece com a exposição aos raios ultravioleta do sol. Ela é encontrada em alimentos como gema do ovo, peixes de água salgada e fígado, mas só assume a forma ativa após o estímulo da radiação. Por esse motivo mulheres que vivem em países frios ou têm costume de cobrir todo o corpo (como em alguns países do Oriente Médio) têm maior chance de desenvolver osteoporose. A exposição regular ao sol nos períodos recomendados (início da manhã e fim da tarde) é importante para manter adequados os níveis de vitamina D no organismo.

A prática regular de atividades físicas também é importante, assim como reduzir o consumo de álcool e cessar o tabagismo.

Depois de diagnosticada a osteoporose, tem o que fazer?
Claro que tem! Mesmo tendo em mente que as mudanças de hábito são importantes para todos os graus de perda de massa óssea e devem ser seguidas por todos, seu médico pode considerar necessário o uso de medicamentos para tratar a doença.

Várias especialidades médicas podem cuidar da osteoporose: Endocrinologia, Ginecologia e Reumatologia são as principais. Converse com seu médico!
Hoje em dia há vários tipos de medicamentos para o tratamento da osteoporose, que são divididos em dois grupos: os que promovem a formação óssea e os que reduzem a sua degradação (chamados anti-reabsortivos). Inúmeras são as formas de uso, custos, apresentações, vias de administração e posologias, de forma que não é tão difícil adequar o tratamento às necessidades de cada paciente.
Após o início do tratamento, o médico vai monitorar o tratamento de acordo com a evolução clínica e novos exames de densitometria óssea, para avaliar a velocidade de perda.

O objetivo principal do tratamento da osteoporose é prevenir fraturas por fragilidade óssea, e os problemas que elas podem causar. Uma fratura de quadril aumenta em até 20% a mortalidade em um ano, e apenas 40% dos pacientes que fraturam retomam suas condições físicas completamente.


Dessa forma, além de fazer o tratamento corretamente, é importante prevenir possíveis quedas que possam resultar em fraturas graves. Nos idosos o risco de queda já é aumentado em função de redução de massa muscular, instabilidade postural, uso de medicamentos que provocam tontura, e deficiência visual e auditiva. Os hábitos de vida, os programas de exercícios, os calçados e o ambiente devem estar de acordo com as limitações do paciente, e projetados para minimizar os riscos de queda.

